Não raras as vezes, me pego pensando na nossa relação com a música. Assim como os animais se expressam através de seus sons característicos, podemos dizer que a música é o "uivo" do ser humano. É através dela que muitas vezes expressamos sentimentos, verdades e o principal: uma identidade. Você já parou pra perceber como a música expressa uma identidade? Se não, mentalize e visualise os esteriótipos a seguir: funkeiro, rockeiro, black soul, erudito, clássico, sertanejo, axé, forró, pop, ...
Poderia ter citado milhares de esteriótipos, cada um com suas características e o conjunto delas formando uma identidade. Como cristãos, nós também temos uma identidade. Nossa música também traduz essa identidade coletiva, fazendo-nos sentir como parte de um grupo. Porém, nós adventistas temos uma sub-identidade, um sub-grupo na classe evangélica. Enquanto os evangélicos se encontram no gospel, nós temos nossa própria música. Nossos cantores, grupos, músicos, compositores, gravadoras, TV e rádio. Nosso casulo musical. Dentro de nossas paredes, de nossos conceitos e pré conceitos, dentro de nossa zona de conforto. Já percebeu como somos individualistas? Assim como a heterogeneidade do óleo na água, não nos misturamos.
A recente explosão da música gospel no Brasil, trouxe-nos uma questão inconsiente: onde vamos nos posicionar? Opções escassas nos cercam: continuar em nosso casulo, vivendo nossa "vidinha" no alto da montanha, ou andar entre os doentes para os quais temos o remédio de verdade. Por mais incrível e hipócrita que pareça, muitos de nós ainda preferem o casulo. O medo de voar é tão grande que preferimos viver trancados, ver o mundo se explodindo lá fora e simplesmente dizer "é o fim dos tempos" em tom de "não posso fazer nada". Certa vez, ouvi alguém dizer que a música adventista vai contra a correnteza gospel, porém à margem do rio. Entenderam o paradoxo? Quando alguém resolve entrar no rio e NADAR contra a correnteza, leva o desprezo e as pedras daqueles que deveriam oferecer apoio e pular junto. Queremos tanto fazer a diferença, mas esquecemos que não há diferença onde todos são iguais.
Nossa música é uma ferramenta poderosa, mas se depender da maioria continuaremos nesse casulo, veremos essa beleza apodrecer lá dentro e as mariposas nunca verão um voar de cores e texturas exuberantes. Chega de institucionalismos cegos, de tradições e cerimonialismos hipócritas. Vamos entrar no rio e nadar contra a correnteza, pois mesmo que demore, um dia chegaremos à Fonte levando muitos conosco, enquanto o restante se acaba numa cachoeira. Abra suas asas e alce um vôo rumo a vida eterna. Fique deOlhO!
Fonte: De Olho! Música Adventista
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